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Análise: Haddad quer PIB acima de 3% sob custo de inflação e juros altos

07/05/25

Análise: Haddad quer PIB acima de 3% sob custo de inflação e juros altos

Getty Images

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Em viagem aos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que tem como meta um crescimento acima de 3% da economia brasileira nos quatro anos de mandato do presidente Lula.

Haddad contesta o cálculo sobre o chamado PIB Potencial feito por economistas, que indica que o país tem capacidade de crescer sem gerar distorções, como a inflação, alguma coisa perto de 2%.

A promessa de Haddad embute uma composição de crescimento que o país não poderia desejar. O resultado acumulado sobre atividade desde 2023 se deu com inflação acima dos 4,5%, portanto bem distante da meta de 3%.

E o pior, com um patamar de taxa real de juros que disputa o primeiro lugar no mundo, entre 7% e 9%.

Além de uma política fiscal que até conseguiu promover o cumprimento da meta de resultado primário estipulada pelo governo, mas com medidas criativas de contabilidade e aumento da dívida pública.

O investimento, ingrediente fundamental para garantir crescimento sustentável, conseguiu experimentar uma retomada nos últimos dois anos, mas ainda muito distante do necessário.

O setor privado aumentou sua participação nos investimentos, caso do saneamento básico e do setor elétrico, mas em ritmo mais lento que desejável. A taxa de investimentos, que fechou 2024 em 17%, deveria estar acima de 20% para colocar o país numa rota forte e saudável para atividade econômica.

Ainda assim, o governo tem comemorado o crescimento do PIB bem acima do previsto pelo mercado financeiro e de organismos internacionais.

A surpresa que desmentiu economistas é explicada, principalmente, pela disparada nos gastos públicos com políticas de transferência de renda turbinadas.

Nos dois primeiros anos do mandato, Lula despejou cerca de R$ 350 bilhões na economia. Os principais canais foram o reajuste real do salário mínimo, programas como Pé de Meia e pagamento de precatórios (este atrasado por medida adotada no governo Bolsonaro).

A participação dos bancos públicos em operações de crédito também contribuiu para anabolizar o crescimento do PIB.

Sem a injeção maciça de dinheiro público, numa economia com fiscal equilibrado, o país teria uma noção mais clara sobre o atual patamar do PIB Potencial.

Diante do empurrão fiscal, a economia cresceu com consumo das famílias, importações com aumento de dois dígitos e, portanto, com forte efeito inflacionário. Até o Banco Central alerta há meses que o Brasil cresce acima de sua capacidade.

A surpresa sobre resultado do PIB também vem de uma mudança estrutural na economia ocorrida desde governo Temer com as grandes reformas aprovadas.

Uma delas, a trabalhista, promoveu uma transformação na composição do mercado de trabalho, promovendo uma retomada dos empregos formais em ritmo mais acelerado do que dos informais. Investimentos em alguns setores da infraestrutura, como saneamento básico, cresceram depois da aprovação do marco regulatório do setor.

A reforma tributária, que já avançou no Congresso, certamente vai ajudar na composição, mas vai levar tempo ainda com longo período de transição.

Nunca é demais lembrar que o PT foi contra as reformas e Lula, logo no início de seu terceiro mandato, atuou para reverter muitas delas, inclusive a trabalhista e a do saneamento.

Ao comemorar os resultados de agora e expor o plano de entregar os quatro anos do terceiro mandato de Lula com PIB acima de 3%, Haddad entrega junto inflação e juros mais altos. Uma fórmula que não deveria dar orgulho a ninguém.

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