As obras em andamento de implementação do sistema de esgotamento sanitário podem resolver o problema histórico da poluição do Arroio Passo, segundo a gerente institucional da Corsan, Renata Rohde. Com um investimento de R$ 26 milhões, a estimativa é que a execução beneficie 3,8 mil famílias da cidade e resulte na solução de um dos maiores problemas ambientais de Guaíba.

As obras fazem parte dos investimentos que a Corsan/Aegea está realizando em todo o Rio Grande do Sul, com a finalidade de ampliar e qualificar os serviços prestados. Todos os projetos da companhia – tanto para abastecimento de água como para coleta e tratamento de esgoto – estão direcionados à universalização do saneamento básico, conforme previsto pelo Marco Legal do Saneamento, estabelecido por lei federal.

Atualmente não há nenhuma estrutura de esgoto nesta região de Guaíba. As obras envolvem 45 quilômetros de rede e cinco elevatórias de esgoto, que são instalações essenciais em sistemas de saneamento, com a função de bombear o esgoto de locais mais baixos para locais mais altos, onde é possível o escoamento por gravidade até as estações de tratamento. "Então, todas as contribuições que antes eram feitas in natura passam pelo tratamento e são devolvidas à natureza de uma maneira com muito mais qualidade, inclusive aprovada pelos órgãos ambientais", explica Renata.

Ela reforça que não adianta realizar essa obra se a população não fizer a sua parte. Por exemplo, assim que a obra for concluída, o cliente receberá uma notificação e precisará se conectar à nova rede de esgoto. "A população precisa entender esse movimento que a empresa está fazendo, construindo toda essa estrutura com um investimento de R$ 26 milhões especificamente. Se as pessoas não se conectarem, é o mesmo que não ter, os esgotos vão continuar indo para as poças que normalmente não têm limpeza ou até mesmo se conectando com a rede pluvial, que coleta e escoa a água da chuva. Então isso tende a causar um efeito positivo se tivermos a contribuição das residências e indústrias próximas, que vão passar a utilizar essa solução", afirma. A estimativa é que as obras sejam concluídas no último trimestre de 2026.

Ela disse que é difícil afirmar se essa obra resultará na despoluição completa do Arroio Passo, pois o trabalho não é especificamente focado em eliminar todas as fontes de poluição do local. Pode ser que existam outras frentes que não dependem somente da concessionária, que tem o papel de atuar no saneamento.

"Havendo a conclusão dessas obras, com a conexão dos domicílios à rede de esgoto, com certeza teremos uma grande contribuição para a despoluição", afirma.

Ela calcula que a obra resultará no tratamento de 438 milhões de litros de esgoto, que antes eram despejados na natureza — o equivalente a 175 piscinas olímpicas por ano. Mesmo assim, ela destaca que as obras podem causar transtornos temporários na cidade, mas trarão um ganho permanente. Guaíba possui atualmente 37% do esgoto coletado e tratado, e a meta é que 99% da população tenha acesso à água potável na cidade e em outros 316 municípios do Rio Grande do Sul até 2033. Ao todo, a Corsan planeja investir R$ 1,5 bilhão por ano.