Obras de saneamento irão transformar a vida de famílias da Baixada
02/04/24
Divulgação/Águas do Rio
Ao longo de três gerações, a família de Priscila Amorim sobreviveu da pesca. E acompanhou de perto a degradação do Rio Guandu, onde é captada a água que abastece 80% da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O manancial tem sofrido com a poluição e o descarte irregular de lixo e esgoto.
— O Guandu era sinônimo de vida, nossa fonte de renda. Meu avô e meu pai foram pescadores e, há 20 anos, quando me casei, meu marido também se apaixonou por essa profissão. Durante décadas, foi desse rio que tiramos o nosso sustento. Mas, com a poluição, os peixes se tornaram cada vez mais raros — ela relata.
O marido começou a trabalhar como servente de obras, e a renda familiar foi reduzida em mais de 80%.
— Meu sonho é ver o Guandu despoluído para que eu possa viver da pesca novamente. E não só isso, mas ver ressurgir a vida no meu pantanal iguaçuano — diz Amorim.
Esse desejo começou a se tornar realidade no último dia 26 de março, quando a concessionária Águas do Rio deu início às obras de implantação dos sistemas de esgotamento sanitário em Japeri e Queimados, duas cidades da Baixada Fluminense que estão situadas ao longo do curso do Rio Guandu e atualmente não contam com nenhum serviço de esgotamento sanitário – um drama que atinge cerca de 90 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Trata Brasil, referência em indicadores de saneamento.
Por isso, retirar esgoto que é lançado no rio será crucial para contribuir para que ele seja recuperado, com benefício direto para nove milhões de pessoas atendidas pelo manancial.
Transformação social
Além do esgoto doméstico gerado pelos 270 mil moradores, a estação de tratamento, que será construída no bairro Jardim Queimados, terá capacidade para tratar 600 litros por segundo e também vai atender uma parte de Nova Iguaçu. A obra de implantação de rede começou na Rua Maria Isabel, no bairro Cosme e Damião, em Japeri, onde existem 234 residências.
— Todo o esgoto da vizinhança fica bem atrás da minha casa. A gente já se acostumou com o mau cheiro, mas, se chega visita, ficamos com vergonha. Tem muitos ratos e mosquitos. Sempre que chove forte, essa água com esgoto entra na minha casa. Meu filho já pegou bicho-de-pé brincando no quintal, minha mãe é alérgica, foi picada por um mosquito e precisou ficar internada. Sabendo que finalmente as obras estão chegando, nosso coração se enche de esperança — relata Larissa Pimenta, que mora no bairro São Jorge, a 15 quilômetros dali.
Resultado de um investimento de R$ 640 milhões, serão instalados aproximadamente 700 quilômetros de redes e mais de 60 estações elevatórias, responsáveis por bombear o esgoto até a estação de tratamento.
— É uma obra de engenharia arrojada, que estará concluída já em 2026. A cada ano que a infraestrutura de encanamentos avançar, teremos a capacidade de processar tudo o que for coletado — informa Felipe Esteves, diretor executivo da Águas do Rio na Baixada.
"É uma obra de engenharia arrojada, que estará concluída em 2026. A cada ano que a infraestrutura de encanamentos avançar, teremos a capacidade de processar tudo o que for coletado"
— Felipe Esteves, diretor executivo da Águas do Rio na Baixada
Qualidade de vida
Além do impacto ao meio ambiente, as ações em Japeri e Queimados vão levar saúde, dignidade e qualidade de vida para a população local. Para Izabel dos Santos, moradora de Japeri e presidente do Centro de Integração Cultural e Social Mão Amiga, a expectativa de ver a região com esgotamento sanitário pela primeira vez é alta.
— Estou muito feliz com a chegada dessas obras que vão impactar positivamente todo o nosso município, que vem sofrendo com valas de esgoto. Nossas crianças vivem aqui sem saúde nenhuma por conta da falta de saneamento.
Segundo o vice-presidente da Aegea, responsável pelo Rio de Janeiro, Alexandre Bianchini, as obras marcam o início da universalização do acesso a um serviço essencial para a população e de um futuro promissor para a região.
— Esse é um dos nossos compromissos. A Aegea tem trabalhado para ampliar o acesso ao saneamento em mais de 500 municípios e agora, por meio da sua concessionária Águas do Rio, vai promover esse avanço na Baixada Fluminense, partindo do zero até atingir a universalização de um serviço tão essencial e que vai gerar mais saúde, preservação ambiental e prosperidade compartilhada, principalmente em áreas mais carentes. Vamos priorizar a contratação de mão de obra local para gerar emprego e renda.