Preservação ambiental e combate à poluição plástica são destaques no Uirapuru Ecologia
09/06/25

Rádio Uirapuru
O programa Uirapuru Ecologia deste sábado (7) abordou temas relacionados ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, e destacou iniciativas e desafios na preservação dos ecossistemas, com ênfase no combate à poluição plástica e na proteção dos recursos hídricos em Passo Fundo e região. Participaram do debate o major Leandro da Cruz Góes, subcomandante do 3º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, a bióloga Flávia Biondo, presidente do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP), e Ademar Marques, secretário-executivo da Agenda 21 e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo. O programa foi apresentado pelo Geólogo Luiz Paulo Fragomeni.
Flávia Biondo destacou o legado construído por ativistas ambientais nas últimas décadas. Ela citou nomes como o do professor Paulo Fragomeni e lembrou o papel da Sociedade Botânica de Passo Fundo e do próprio GESP, que completa 42 anos em 2025. Para ela, a atuação da sociedade civil, com o apoio do Ministério Público, foi determinante para conquistas como o tratamento quase total do esgoto na bacia do Rio Passo Fundo e a criação de áreas protegidas como o Parque da Gare, o Parque Ambiental Banhado do Vergueiro e o Parque Natural Municipal Pinheiro Torto.
Segundo Flávia, ainda há muitos desafios relacionados à gestão de resíduos e ao uso das margens do rio Passo Fundo na área urbana. Ela afirmou que o município precisa avançar na adaptação de áreas naturais para uso coletivo sem comprometer a preservação. Também ressaltou a importância de considerar os efeitos das mudanças climáticas na ocupação do solo urbano e defendeu a valorização de áreas que funcionam como “esponjas naturais” para a absorção da água da chuva. “A sociedade precisa de regras para que a gente conviva melhor com o meio ambiente”, disse.
O major Leandro da Cruz Góes relatou que a Brigada Militar Ambiental, conhecida popularmente como Patram, atua como polícia ostensiva de proteção ambiental e atende 130 municípios no Estado. Ele informou que os principais focos de atuação atualmente são os casos de desmatamento e maus-tratos a animais, mas que a questão dos resíduos sólidos é recorrente. “Flagramos caminhões descarregando resíduos irregularmente às margens de vias”, afirmou. Segundo ele, a atuação do batalhão ocorre de forma integrada com os Ministérios Públicos e utiliza novas tecnologias, como imagens de satélite e drones, para otimizar a fiscalização.
O comandante também anunciou que Passo Fundo sediará, na próxima semana, a segunda edição do curso de formação de policiais militares na área de educação ambiental, promovido pela Brigada Militar. A capacitação terá 60 horas-aula e reunirá participantes de diferentes estados, como Amazonas, Paraná e Santa Catarina. “Viramos referência dentro do Rio Grande do Sul na formação de educadores ambientais”, afirmou.
Ademar Marques avaliou que o Dia Mundial do Meio Ambiente é uma data para reconhecer os avanços conquistados ao longo do tempo, resultado de processos que envolvem desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, até as recentes conferências climáticas internacionais, como a COP 30, que será sediada pelo Brasil. Ele afirmou que há um progresso visível na consciência ambiental da população e que setores como o empresariado também têm reconhecido a importância de incorporar práticas sustentáveis. Para Marques, a ideia de desenvolvimento sustentável deixou de ser vista como oposição entre economia e meio ambiente, e passou a ser reconhecida como interdependente.
O representante da Agenda 21 ressaltou que ações locais têm demonstrado resultados positivos, como a criação de unidades de conservação em Passo Fundo, a exemplo do Parque Natural Pinheiro Torto. Também citou a participação ativa de entidades e organizações na construção de uma agenda coletiva, com atividades que se estendem ao longo de todo o mês de junho. Marques destacou ainda a importância de políticas públicas que ampliem o trabalho de educação ambiental e de prevenção, como as desenvolvidas pelo Batalhão Ambiental, e defendeu que não se deve transferir a responsabilidade ambiental apenas às crianças. Ele observou que projetos recentes no município refletem a atuação contínua de diferentes setores da sociedade e reforçou a necessidade de vigilância sobre decisões em âmbito nacional que possam comprometer conquistas ambientais.