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Revitalização do Quilombo mira avanço no saneamento e conscientização ambiental

27/10/25

Revitalização do Quilombo mira avanço no saneamento e conscientização ambiental

Leonardo Matos/Liberal

As obras de saneamento previstas em Sumaré prometem transformar a realidade do Ribeirão Quilombo, um dos principais cursos d’água da Região Metropolitana de Campinas (RMC). A cidade receberá três novas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) até 2030, um investimento de R$ 351 milhões firmado entre a Prefeitura e a BRK Ambiental. A medida deve contribuir significativamente para a melhoria da qualidade da água e do equilíbrio ambiental na bacia, que atravessa seis municípios.

De acordo com a concessionária, as unidades — Tijuco Preto (Parque Pavan), Quilombo (Vila Yolanda Costa e Silva) e Jatobá (Vila Flora) — têm como meta universalizar o tratamento de esgoto em Sumaré. A ETE Tijuco Preto, a mais avançada em tecnologia, deve começar a operar no fim de 2026, atendendo cerca de 93 mil moradores de 54 bairros e removendo até 98% da carga poluente do esgoto tratado.

“O objetivo é universalizar o esgotamento sanitário do município, com foco na ampliação da infraestrutura e na melhoria da qualidade dos efluentes que chegam à bacia do Ribeirão Quilombo”, destacou a BRK Ambiental.

Ação conjunta e consciência ambiental

Apesar do avanço, especialistas alertam que a recuperação total do Quilombo depende também de mudanças de comportamento. O ribeirão ainda recebe despejos irregulares de indústrias, ligações clandestinas de esgoto e lixo doméstico — fatores que agravam a chamada “poluição difusa”.

Francisco Carlos Castro Lahóz, secretário executivo do Consórcio PCJ (Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), reforçou que a despoluição não será alcançada apenas com obras de engenharia, mas com educação ambiental e participação social.

“No Quilombo, o esgoto não é mais o principal vilão. O problema hoje é o descarte inadequado feito pela própria população e por algumas atividades industriais. Quando Sumaré tratar 100% do esgoto, ainda assim será preciso cuidar do que chega pelas ruas e bocas de lobo”, pontuou Lahóz.

O Ribeirão Quilombo corta cidades como Campinas, Hortolândia, Paulínia, Sumaré, Nova Odessa e Americana. Por ter vazão média de apenas 5,5 mil litros por segundo, ele tem baixa capacidade de autodepuração — o que significa que qualquer carga de poluentes tem forte impacto. Atualmente, o manancial é classificado como classe 4, usado apenas para navegação e paisagismo.

Desde 1991, o Consórcio PCJ atua em ações de reflorestamento ciliar, proteção de nascentes e planos de macrodrenagem para recuperação da bacia. A meta é que, até 2035, o Ribeirão Quilombo possa ser reclassificado como classe 3, o que permitiria o uso para abastecimento após tratamento adequado.

Responsabilidade compartilhada

A BRK Ambiental e o Consórcio PCJ reforçam que a participação da população de Sumaré será essencial para o sucesso da revitalização. Evitar o descarte de lixo, ligar corretamente os imóveis à rede de esgoto e adotar práticas sustentáveis no dia a dia são atitudes que fazem diferença.

“O lixo tem endereço. Ele não pode ser lançado no córrego. Se usarmos as palavras certas e mostrarmos que agir corretamente é melhor para todos, conseguimos mudar hábitos e resultados”, concluiu Lahóz.

Olhar para o futuro

Com os investimentos em infraestrutura e a crescente conscientização ambiental, Sumaré dá mais um passo em direção ao desenvolvimento sustentável. As obras das novas ETEs não apenas fortalecem o saneamento básico, mas representam uma mudança cultural necessária para que o Ribeirão Quilombo volte a ser um símbolo de vida, e não de poluição.

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