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Rios que movem o Brasil podem desaparecer até 2050, alerta estudo

01/07/25

Rios que movem o Brasil podem desaparecer até 2050, alerta estudo

Ambiental Media

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Os rios que abastecem milhões de brasileiros, irrigam lavouras e movem turbinas podem perder até um terço de sua água até 2050, segundo um levantamento inédito feito pela Ambiental Media. Os dados fazem parte do projeto especial Cerrado – O Elo Sagrado das Águas do Brasil, resultado de 12 meses de investigação com base em informações da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Instituto MapBiomas.

O estudo analisou a vazão de segurança (Q90) em seis grandes bacias hidrográficas do Cerrado – Araguaia, Paraná, Parnaíba, São Francisco, Taquari e Tocantins – e revelou uma perda média de 27% da vazão mínima necessária para garantir o uso sustentável dos recursos hídricos nas últimas cinco décadas.

Entre as bacias mais afetadas está a do São Francisco, cuja vazão caiu pela metade no período analisado. Rios menores, que dependem diretamente dos aquíferos do Cerrado, também estão ameaçados de desaparecer até meados do século, especialmente na região do Matopiba (acrônimo para Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), onde a pressão da monocultura irrigada é intensa.

A redução das chuvas, o aumento da evaporação provocado pelas mudanças climáticas e o desmatamento acelerado são apontados como os principais fatores desse colapso hídrico. Com menos vegetação nativa, os solos perdem a capacidade de absorver e reter água, desencadeando um ciclo destrutivo que ameaça o meio ambiente, a economia e a segurança hídrica nacional.

O volume de água perdido em apenas 24 horas, segundo a análise, seria suficiente para abastecer todo o Brasil por três dias e meio.

Bioma ameaçado
O Cerrado cobre 25% do território nacional e abastece oito das 12 principais regiões hidrográficas do Brasil, incluindo rios fundamentais como o São Francisco – que responde por até 90% da vazão do Pantanal em períodos de seca.

Apesar dessa importância estratégica, o bioma se tornou um dos principais alvos da expansão do agronegócio exportador. Entre 1985 e 2022, a área de soja cresceu quase 20 vezes no Cerrado – de 620 mil hectares para mais de 12 milhões –, enquanto a vegetação nativa encolheu 22%, segundo o MapBiomas. A pressão é ainda maior no Matopiba, onde a irrigação agrícola consome volumes crescentes de água superficial e subterrânea.

Os dados detalhados da pesquisa, mapas e gráficos interativos estão disponíveis no site da Ambiental Media, em uma narrativa visual que explica por que o Cerrado – muitas vezes negligenciado nas discussões ambientais – é essencial para o futuro hídrico do Brasil.

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