Sanep celebra 60 anos e reforça compromisso com a universalização do saneamento em Pelotas
27/10/25

Divulgação
O Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) celebra 60 anos de história neste sábado (25). Em um município cercado por mananciais, o trabalho desenvolvido pela autarquia — responsável pelos serviços de água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos — está diretamente ligado à rotina da população pelotense. Atualmente, mais de 800 servidores públicos atuam com a missão de aproximar o município da universalização do saneamento básico.
As seis décadas de serviços prestados consolidam o Sanep como parte essencial do cotidiano da comunidade, afirma o prefeito Fernando Marroni (PT). “Temos grande orgulho e imenso carinho pelo Sanep, por tudo o que representa para o município. Páginas importantes da história de Pelotas foram escritas graças ao trabalho de servidores públicos competentes e comprometidos com o presente e o futuro da cidade. Hoje, celebramos os 60 anos de uma instituição que conta com o nosso apoio e admiração”, salienta.
O começo
A condição hidrográfica de Pelotas sempre foi favorável ao desenvolvimento. A cidade está às margens do canal São Gonçalo, que conecta as lagoas Mirim e dos Patos — entre os maiores mananciais de água doce do Brasil. Além disso, conta com diversos arroios, sendo o principal o Arroio Pelotas, que deu nome ao município.
Até o ano passado, a água captada, tratada e distribuída vinha exclusivamente dessas estruturas. Com a entrada em operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo, o Sanep passou também a captar água diretamente do canal São Gonçalo.
A primeira tentativa de implantar um serviço de abastecimento de água em Pelotas ocorreu em 1861, quando o italiano Ângelo Cassapi propôs um contrato para fornecimento de água por meio de poço artesiano e encanamento de ferro. O sistema foi aperfeiçoado ao longo dos anos até que, em 1965, a Lei nº 1.474 criou o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), autarquia municipal com autonomia econômico-financeira e administrativa, responsável pelos eixos de água e esgoto.
A evolução
O surgimento do Saae marcou a institucionalização e a padronização do fornecimento de água à população. A evolução, gradativa, trouxe novas responsabilidades. Em maio de 1984, o Saae passou a se chamar Sanep e assumiu também a gestão da coleta, do tratamento e da destinação dos resíduos sólidos.
Em agosto de 2002, a Prefeitura atribuiu à instituição a responsabilidade pela macrodrenagem urbana. Desde então, o Sanep é a única autarquia municipal do Rio Grande do Sul responsável pelos quatro eixos do saneamento: água, esgoto, drenagem e resíduos sólidos.
A estrutura operada pelo Sanep inclui cinco estações de tratamento de água, 24 reservatórios e mais de um milhão de metros de tubulações. O sistema garante o abastecimento seguro e contínuo às torneiras da população.
O município conta ainda com duas estações de tratamento de esgoto e 500 mil metros de redes, que coletam cerca de 19 milhões de metros cúbicos de efluentes por ano. Na drenagem, a autarquia mantém 120 quilômetros de canais e sete casas de bombas, essenciais para o escoamento das chuvas. Já na limpeza urbana, são recolhidas cerca de 350 toneladas de resíduos por dia.
Com foco na proteção ambiental, a gestão de resíduos também envolve Ecopontos, cooperativas de reciclagem e projetos de educação ambiental, como o Óleo Sustentável e Mudas de Saber.
Os desafios contemporâneos
Universalizar o acesso à coleta e ao tratamento de esgoto, ampliar o índice de reciclagem e enfrentar os efeitos dos fenômenos climáticos cada vez mais intensos estão entre os principais desafios da autarquia, afirma o diretor-presidente Ellemar Wojahn.
“O Sanep tem um vínculo significativo com a cidade. É uma autarquia forte, estruturada, moldada pelo empenho e dedicação dos servidores públicos. Trabalhamos com planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, segmentado por área de atuação. Nosso foco é manter e ampliar a estrutura para atender a população com serviços de qualidade”, destaca.
O marco regulatório do saneamento básico estabelece metas de 99% de atendimento da população com abastecimento de água tratada e 90% de esgoto coletado e tratado até 2033. Pelotas já atingiu o índice de abastecimento de água e busca ampliar a cobertura de esgoto.
Neste ano, com a entrada em operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Novo Mundo, o município elevou o índice de 22% para cerca de 40%. Com a construção das ETEs Engenho e Simões Lopes — projetos elaborados pela equipe técnica do Sanep e aprovados para financiamento pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) — a estimativa é alcançar entre 75% e 80% de tratamento.
Os investimentos somam R$ 138,2 milhões, sendo R$ 125 milhões em financiamento e R$ 13,2 milhões de contrapartida do Sanep. Posteriormente, a meta é ampliar a capacidade de tratamento das ETEs Laranjal e Novo Mundo, para atingir o índice nacional.
Para Wojahn, qualificar o sistema de esgotamento sanitário é investir em saúde, qualidade de vida e preservação ambiental. “É uma questão prioritária. Municípios que tratam seus efluentes economizam recursos na saúde. Os avanços estruturais no eixo do esgoto beneficiam principalmente a população dos bairros. Queremos reduzir as valetas a céu aberto e, dessa forma, estaremos evoluindo no cuidado com a cidade, na proteção ambiental e na qualidade de vida das pessoas”, pontua.
Além da coleta e do tratamento de efluentes, a sustentabilidade passa pela gestão eficiente dos resíduos sólidos. Com 100% da cidade atendida pelos caminhões de coleta orgânica e seletiva, a meta atual é ampliar o índice de reciclagem.
O vínculo com as nove cooperativas de reciclagem do município foi fortalecido em 2025: o valor máximo das bolsas e do custeio operacional repassado pela autarquia passou de R$ 15 mil para R$ 30 mil mensais.
Segundo o Departamento de Resíduos Sólidos do Sanep, aproximadamente 3,8 mil toneladas de materiais foram recebidas pelas cooperativas em 2024. Até o fim de setembro deste ano, cerca de 2 mil toneladas já haviam sido encaminhadas.
De acordo com Marroni, o objetivo é construir uma nova modelagem de gerenciamento dos resíduos e elevar o aproveitamento de recicláveis em Pelotas, atualmente em torno de 12% do total passível de reaproveitamento.
Diante de uma realidade climática cada vez mais severa, o Sanep investe na manutenção e qualificação dos sistemas de drenagem urbana e de proteção contra cheias, especialmente nas áreas mais vulneráveis.
Os projetos de escoamento pluvial no Areal Fundos e de elevação da cota do dique da Estrada do Engenho, orçados em R$ 56 milhões, foram aprovados no PAC. Já as obras de macrodrenagem do Laranjal e de ampliação do dique do Valverde, estimadas em R$ 25 milhões, estão habilitadas pelo Plano Rio Grande, com expectativa de liberação dos recursos por meio do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Funrigs).
