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Soluções brasileiras inovadoras para o acesso à água potável e saneamento básico a comunidades carentes ou isoladas

06/06/25

Soluções brasileiras inovadoras para o acesso à água potável e saneamento básico a comunidades carentes ou isoladas

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Inventores e pesquisadores brasileiros criam tecnologias de baixo custo e alta eficiência, levando dignidade a comunidades carentes e isoladas através do acesso à água e tratamento de esgoto.
O Brasil, apesar da abundância hídrica, luta para universalizar água potável e saneamento básico. Milhões, sobretudo em comunidades carentes e isoladas, sofrem com essa escassez. Em resposta, a inovação local floresce, com pesquisadores desenvolvendo soluções de baixo custo, eficientes e adaptadas às realidades do país.

O paradoxo de água potável e saneamento básico e a emergência de soluções locais
O Brasil detém vastas reservas de água doce, mas o acesso à água potável e saneamento básico é desigual. Em 2019, 83,7% da população tinha água potável, mas apenas 54,1% contava com coleta de esgoto, com disparidades regionais graves como na Região Norte (57% água, 10,5% esgoto). Essa carência afeta a saúde pública, elevando doenças de veiculação hídrica.

Soluções convencionais frequentemente falham em áreas rurais ou remotas. Assim, a inovação local ganha força, com soluções de baixo custo e alta eficiência, muitas vezes baseadas em conhecimento tradicional e materiais locais, como o Programa Cisternas e tecnologias da Embrapa.

Criatividade e recursos locais purificando vidas
Para combater a contaminação da água, diversas tecnologias de filtragem acessíveis foram desenvolvidas. A UFMG, por exemplo, idealizou filtros artesanais de baldes plásticos e vela cerâmica, de fácil confecção para comunidades rurais. Já o Aqualuz, de Anna Luisa Santos, usa radiação solar para purificar água em uma caixa de inox com filtro de sisal, eliminando 99,9% das bactérias e tratando até 28 litros diários.

A startup PWTech oferece purificadores portáteis, como o PW5660, que funciona como uma miniestação de tratamento com clorador e membranas, removendo 100% de vírus e bactérias. A natureza também contribui com as sementes de Moringa oleifera, um coagulante natural que remove de 90% a 99% das bactérias. Por fim, os tradicionais filtros de barro brasileiros seguem como uma solução secular e de baixíssimo custo, retendo partículas e impurezas. Essas tecnologias variam em mecanismo, mas compartilham o foco no baixo custo e na simplicidade, fatores cruciais para a aceitação comunitária em relação a água potável e saneamento básico.

Captação de chuva inovadora: Semeando resiliência hídrica
Em regiões como o Semiárido, captar e armazenar água da chuva é vital. O Programa Cisternas é a iniciativa mais emblemática, construindo reservatórios de placas de cimento para consumo (16.000L) e produção (52.000L), com vasto impacto socioeconômico. A Embrapa complementa com tecnologias como Barreiros de Salvação (pequenos reservatórios), Captação in situ (manejo do solo), Barragens Subterrâneas (reservatórios no subsolo com lona plástica) e Captadores Móveis de baixo custo (R$30-R$40). Em Santa Catarina, a Epagri promove a Proteção de Fonte Modelo Caxambu e o Carneiro Hidráulico. O sucesso dessas iniciativas, especialmente do Programa Cisternas, combina tecnologia com mobilização social, embora a qualidade da água armazenada demande atenção e tratamento.

Transformando resíduos em saúde e recursos
O tratamento inadequado de esgoto gera graves problemas. Biodigestores compactos oferecem soluções descentralizadas. O projeto “What a Waste (Water)!” da UNESP propõe tanques sépticos e wetlands (alagados com plantas) em favelas, com participação comunitária. A startup Zero Esgoto desenvolveu um sistema modular com biomassa bacteriana que transforma esgoto em água limpa (Classe II) sem gerar lodo e quatro vezes mais barato que sistemas convencionais.

O Biodigestor Sertanejo, tecnologia social, trata esterco animal, gerando biogás para cozinha e biofertilizante. A Fossa Séptica Biodigestora da Embrapa, feita com caixas d’água e esterco bovino, trata esgoto de vaso sanitário em áreas rurais, produzindo biofertilizante. Empresas como Fortlev e Tecnipar também oferecem modelos comerciais compactos. Essas soluções valorizam subprodutos e utilizam materiais locais para água potável e saneamento básico, mas sua eficácia contínua depende de operação e manutenção adequadas, exigindo capacitação.

O impacto transformador na saúde pública e qualidade de vida
Soluções para água potável e saneamento básico impactam profundamente a saúde. Dados do Instituto Trata Brasil mostram queda de internações por doenças hídricas com o avanço do saneamento. Tecnologias como os filtros da UFMG, o Aqualuz e os filtros de barro têm eficácia comprovada na redução de diarreias e outras enfermidades.

Os benefícios se estendem à qualidade de vida: economia de tempo na busca por água (liberando mulheres e crianças), segurança hídrica e alimentar, dignidade, desenvolvimento socioeconômico (com biogás e biofertilizantes) e melhorias na educação (com água em escolas rurais). É um ciclo virtuoso de desenvolvimento.

Desafios e caminhos para a universalização das soluções para água potável e saneamento básico
A universalização enfrenta barreiras financeiras (alto investimento, baixa capacidade fiscal municipal), técnicas e logísticas (déficit de cobertura, extensão territorial), regulatórias (fragmentação, burocracia) e culturais (hábitos, falta de informação). Apesar disso, políticas como o Programa Cisternas, o Novo PAC (“Água para Todos”), o PLANSAB e o PNSR, além de apoio de bancos de desenvolvimento (BNDES, BNB) e organismos internacionais, buscam fomentar soluções.

O engajamento comunitário em todas as fases, a capacitação técnica e a educação sanitária são cruciais. A descontinuidade orçamentária e a burocracia ainda são entraves. Estratégias como a regionalização dos serviços e o fortalecimento da assistência técnica continuada são fundamentais para garantir a sustentabilidade e o alcance dessas inovações vitais. O objetivo é construir um mosaico de soluções adaptadas, resilientes e enraizadas nas necessidades locais.

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