Projeto busca limpeza de águas contaminadas
20/03/2024
Foto: CMBH
Belo Horizonte (MG) – A contaminação das águas é um problema que aflige grande parte da população brasileira. Os microcontaminantes de emergência, conhecidos como Contaminants of Emerging Concern - CECs, têm sido detectados recentemente em nossas águas superficiais e levantam sérias preocupações devido aos danos que podem causar aos seres humanos e ao ecossistema aquático.
Atualmente, as tecnologias usadas para o tratamento da água parecem insuficientes para lidar com esses contaminantes. Segundo especialistas, não existe uma legislação que defina a concentração máxima aceitável desses componentes nos efluentes. Por isso, alunos do Colégio Militar de Belo Horizonte se perguntaram se não seria possível encontrar uma solução para mitigar o problema.
E eles encontraram a resposta. Os alunos Henrique Nogueira, Desmolins, e Navarro descobriram que o coco pode ser um valioso na limpeza das nossas águas. O projeto Uso do carvão de coco obtido por micro-ondas para adsorção de fármacos propõe o aproveitamento do coco como uma alternativa ao desperdício, utilizando o processo de micro-ondas para transformá-lo em carvão ativado. Esse carvão tem uma propriedade especialmente valiosa: a capacidade de adsorver uma variedade de substâncias, incluindo fármacos e outros poluentes orgânicos encontrados em nossas águas.
A chave do processo está na tecnologia de micro-ondas, como explica o Professor José Antônio, orientador do projeto. “Por meio das micro-ondas, o coco é submetido a um processo de pirólise rápida em uma atmosfera controlada de vapor, resultando na formação de uma estrutura porosa com uma área superficial impressionante. Esta estrutura porosa é o que torna o carvão de coco tão eficaz na adsorção de substâncias indesejadas, agindo como uma esponja para limpar nossas águas contaminadas”, explica o professor.
E as vantagens não param por aí. Além de ser uma solução eficaz, a produção de carvão ativado a partir de micro-ondas é um processo rápido, energeticamente eficiente e relativamente barato. Isso significa não apenas uma solução ambientalmente amigável, mas também economicamente viável em grande escala.
E o que está por vir? Estudos adicionais são necessários para otimizar os parâmetros de adsorção, como pH, tempo de contato e concentração de adsorvato, a fim de garantir a eficácia máxima do carvão de coco.
Além disso, a capacidade de regeneração do adsorvente também precisa ser avaliada, permitindo sua reutilização e tornando o processo ainda mais sustentável.
Em resumo, o Projeto tem demonstrado que o coco pode ser mais do que apenas uma fruta saborosa e refrescante. Pode ser a chave para limpar nossas águas e proteger a saúde e o meio ambiente.
O trabalho dos alunos do Colégio Militar de Belo Horizonte é um dos finalistas na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), que acontece entre os dias 18 e 22 de março, na Universidade de São Paulo (USP), e também conta com o apoio do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA/UFMG), com a participação dos professores doutores Thiago Neves, Camila Amorim e do doutorando Fernando Rodrigues, além da empresa Innovatus Brasil, representada pelo professor Dr. Marcos Machado.