top of page
Como a empresa de saneamento GS Inima expandirá sua presença no Brasil

A empresa brasileira de saneamento GS Inima, que faz parte do conglomerado sul-coreano GS E&C, tem como meta um crescimento de receita de dois dígitos até 2028, conquistando contratos industriais e participando de leilões de concessões de água e esgoto e PPPs.

Um consórcio liderado pela GS Inima ganhou recentemente uma concessão de 30 anos para projeto, construção e operação de uma instalação de reúso de água no estado do Espírito Santo. O contrato foi oferecido pela concessionária estadual Cesan, e o consórcio – formado pela GS Inima Brasil e Tubomills – será responsável pela prestação de serviços de tratamento na bacia de Camburi e pelo abastecimento das operações da siderúrgica ArcelorMittal.

saneamento GS Inima

Nesta entrevista, o CEO Paulo Roberto de Oliveira conversou com a BNamericas sobre os planos da empresa para o Brasil até 2028.
 

BNamericas: O que motivou a GS Inima a participar do leilão do projeto no Espírito Santo?

Oliveira: Nossa proposta no leilão saiu vencedora e, com isso, faremos a construção de uma planta de reúso de água para a ArcelorMittal. Decidimos participar do leilão porque esse contrato está em linha com os nossos negócios.
 

Já fazemos parte do maior projeto de produção de água de reúso da América do Sul e um dos maiores do mundo, o Aquapolo, em São Paulo, junto com a Sabesp, onde fornecemos água de reúso para um complexo petroquímico.
 

Esse projeto no Espírito Santo já havia sido oferecido no ano passado em outro leilão, mas na época não houve ofertas porque o projeto não estava bem elaborado. Depois de um novo trabalho de elaboração, o projeto voltou a ser leiloado, com um melhor formato, e, ao realizarmos nossos estudos internos de viabilidade, detectamos que faria sentido uma oferta da nossa parte.
 

BNamericas: Quais são os próximos passos nesse projeto?
 

Oliveira: Agora a Cesan fará uma avaliação de toda a nossa documentação para confirmar a assinatura do contrato. Eles não nos deram um prazo exato, mas acredito que a assinatura será rápida, porque a Cesan considera esse projeto prioritário, uma vez que a planta que vamos construir substituirá uma central que está obsoleta, até mesmo com problemas ambientais.
 

Após a assinatura do contrato, a GS Inima, junto com nosso parceiro no negócio, a Tubomills, criará uma SPE [Sociedade de Propósito Específico] para assumir o contrato. Depois disso, a construção levará 24 meses.
 

BNamericas: Qual o valor investido e como vocês vão financiá-lo?
 

Oliveira: O investimento é de R$ 240 milhões [US$ 50 milhões] e parte disso vamos financiar através da Caixa Econômica Federal. Durante o processo de avaliação, enquanto nos preparávamos para o leilão, consultamos a Caixa Econômica Federal para saber se esse projeto se enquadraria nas linhas de financiamento do banco e obtivemos resposta positiva. Além do financiamento bancário, outra parte do investimento será financiada com recursos próprios.
 

BNamericas: Vocês avaliam outros projetos de água de reúso para indústrias?
 

Oliveira: Esse projeto da Cesan provavelmente motivará outros players a assinarem contratos desse tipo. No curto prazo, temos a informação de que há planos sendo desenvolvidos no estado do Ceará para uma planta de reúso de água para atender o Porto do Pecém, através da concessionária estatal Cagece. A própria Petrobras assinou recentemente um contrato para fornecimento de água de reúso, então vejo isso ganhando tração.
 

A água de reúso é importante para as empresas porque as ajuda a cumprir suas obrigações ESG, uma vez que não estão utilizando água potável em suas operações industriais.
 

BNamericas: Qual é o plano de negócios da empresa para o Brasil?
 

Oliveira: Desenvolvemos um plano para o período de 2024 a 2028 com expansão anual de 15% da nossa receita. Dentro desse plano, vamos expandir nosso segmento industrial, que está relacionado a projetos de reúso de água e fornecimento de água industrial.

Também estamos avaliando contratos de concessão e PPPs de água e esgoto.

 

Na parte industrial, temos conversas para fornecer mais serviços para a [petroquímica] Braskem e estamos fazendo estudos para as unidades industriais das empresas de celulose Eldorado e Suzano.
 

BNamericas: Qual a estratégia para o setor de água e esgoto?
 

Oliveira: Estamos avaliando as licitações municipais que estão sendo estruturadas e as PPPs que estão sendo planejadas pelas empresas estaduais.
 

Estamos analisando editais de contratos de cidades como Ourinhos e Brodowski, assim como os contratos de PPP que a Sanepar pretende oferecer. O estado de Sergipe também está em fase de consulta pública para concessão de água e esgoto e, no Espírito Santo, a Cesan tem planos de uma PPP. Estamos avaliando tudo isso.
 

BNamericas: Qual é o plano de investimento para o período de 2024 a 2028?
 

Oliveira: Não temos um montante de investimento definido porque isso depende dos contratos que conquistarmos nos próximos anos. Mas sempre que avaliamos os contratos a serem oferecidos, consideramos quando vamos usar recursos próprios e se haverá apoio do nosso acionista controlador, o conglomerado industrial da Coreia do Sul.
 

Nos contratos que assumimos, sempre usamos 20% de recursos próprios e o restante de financiamento. Nossa meta, como disse, é expandir a receita em 15% ao ano. Em 2023, nossa receita ficou em torno de R$ 800 milhões.
 

BNamericas: A GS Inima tem interesse na privatização da Sabesp?
 

Oliveira: Já discuti esse assunto com a nossa holding. Na nossa visão, a privatização da Sabesp está sendo estruturada para ser uma oferta de ações, com o governo mantendo uma participação minoritária na empresa. Esse modelo tende a ser muito mais atrativo para investidores com perfil financeiro do que para empresas operadoras, como a nossa.
 

BNamericas: A GS Inima tem planos de fazer um IPO no Brasil?
 

Oliveira: Descartamos um IPO no Brasil. A ideia do nosso controlador é que faz mais sentido fazer uma oferta de ações fora do Brasil para que os recursos levantados possam ser aplicados em todas as unidades de negócios da empresa, no Brasil e em outros países. Mas, de qualquer forma, a operação brasileira receberia recursos significativos de um IPO, já que a unidade aqui representa 50% das receitas do grupo.
 

BNamericas: Quais são os gargalos existentes no setor de água e esgoto do Brasil hoje?
 

Oliveira: Acho que hoje o principal gargalo ainda está na estruturação dos projetos. Os projetos precisam ser bem estruturados para que tenham sucesso em um leilão. Com a mudança de governo, houve dúvidas por um tempo se o BNDES continuaria ou não estruturando projetos de saneamento, e parece que vai continuar, o que é positivo.

bottom of page